A Pedra que era e que pensava amar não sabia amar de outra forma que não na ausência de presença... Pensávamos constuir mundos outros para além da física dos sapatos espalhados, das vidas vividas, mas por vezes demasiado presentes de outras pedras que os caminhos deixam..., de fragâncias enganadoras nas almofadas que quase se tornam presença...mas não são!!Que mundo era esse sem corpo, sem ser, sem realidade? Não sei. Era o meu...Uma existência sem vida para além de uma Pedra que sussurrava e gritava; exclamava e abafava desejos; tacteava e percorria distâncias sem se mover; que chorava e ria sem revelar o que sentia... mas que não bocejava depois... Seria? Hoje nada sei.... mas sei que não.
Sempre que me visitavas, os teus sussurros doces deixavam lágrimas que não percorriam o rosto daquela habitual e acordada indiferença... Sim, prefiria amar a distância, à distância... sem limites...Gostava de ti esquecidos os acordos; lembrados apenas os pormenores que a memória e os sonhos, que ja não sonho, permitia. Gostava de ti por estares longe, sempre que estavas longe, quando te distanciavas e me recordavas que poderias estar perto...
Na altura não duvidava! Hoje já nem sequer quero recordar que assim pensava! A minha Pedra era o ente que não exigia que minha respiração acompanhasse a sua respiração. Nada exigia, pois não tinha realidade corpórea (e era uma pedra?!) Vivia perto, sussurrava e, por vezes, até chorava comigo... mas nunca passava a linha. Sim, aquela linha que tu e eu havia tanto tempo tinhamos estabelecido sem comunicar como os outros! A minha Pedra era do mundo e, por vezes, visitava-me. Compreendia (pensava eu) a minha necessidade de estar só, tal como eu compreendia ( pensava também eu) que na sua vida existissem outras pedras como eu no seu caminho!Amavamos a nossa frieza, tão desprezada pelos outros; tão diferente da vida prosaica de amar e ser amado. Éramos todos os dias outros, porque nunca foramos coisa alguma... Sim, eu julgava que era mais fácil amar uma Pedra!
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2 comentários:
Nani, as pedras não amam!!!!!!!!!!!!
C'est la vie!!!!!!!
Sei agora isso. Nem podem ser objecto de amor...
Era um eu perdido em divagações e sonhos estranhos por onde andava muito Peter Pan. Sim aquele que detestas...
Um dia apanho o autocarro para a realidade, mas um que não seja expresso, porque isto tem de ser devagar...
Beijo grande...
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