Querido
Hoje a tarde parecia caminhar tão lentamente... Parecia que todos os caracóis do mundo estavam reunidos naquela sala e destinados a forçar o andamento da sessão. Nem sei descrever. Depois de saber que me esperava um mail ao chegar a casa, esta parecia cada vez mais distante...a hora de sair não aparecia no relógio da minha colega e até o tom monocórdico da formadora se intensificou. Quando finalmente se deu o sinal de dispersar até um camião (ok, não era mais do que uma carrinha de caixa aberta) eu ultrapassei na via rápida. Eu não ultrapasso camiões, motas e bicicletas!! Mas hoje teve de ser.
Ao chegar a casa, só o meu banho me separou do computador. Este tem mesmo de ser...o Funchal deixa marcas que só um bom banho consegue apagar. E eis que me posso sentar e ligar o computador e ler a tua mensagem. Foi muito bom ler que este Saramago, tal Fénix, das cinzas ressuscitou.
As palavras escritas têm para mim um sabor que nunca saberei explicar, apesar de concordar que agora me sinto mais próximo de ti. Como acho que já te disse, o saber que ao fim do dia terei com quem partilhar o meu chá sabe muito bem, e, é um estimulante muito mais forte do que qualquer café. É uma sensação de porto seguro que surge não sei bem de onde mas que me permite atravessar as vagas do dia e resistir até ao seu final. Sei que encontrarei um farol e que este estará lá para me orientar. Mas para além de luz, o farol que tem surgido nestas noites tem tido o sabor a paz. Como é que é o sabor a paz? Boa pergunta mas basta perguntar-te. Há um aquietamento que se tem apoderado do meu ser (alma, coração, não sei...).Este aquietamente vem de ti. Antes de ouvir, vinda de ti, nunca tinha "escrito" esta palavra (aquietamento), quanto mais saboreado, e ainda sentir as suas carícias.
Agora adormeço pouco depois de te deixar, acordo contigo e saboreio o dia (sorrindo muito mais vezes) na tua companhia distante...
Não sei se alguma vez te disse que um dos meus maiores medos é "acordar" dos raros momentos de felicidade que me têm sido proporcionados na vida (já longa). Receio sempre que um dia tudo se altere. Neste momento podia dizer que o que mais receio é aborrecer-te. Por vezes quero dizer-te que não sou nada a pessoa fantástica que quase me fazes acreditar existir. É verdade que me sinto diferente da maioria das pessoas com quem tenho de conviver. Diferente, pois não encontro em mim as mesmas motivações que as fazem querer viver (da forma que supostamente a maioria vive). Mas mais nada. Dizes que sou importante. Não sei que te diga. Não recordo alguém mo ter dito (apenas na Alemanha). Importante? Nada faço para o ser. Quero muito, isso sim, ajudar. Tornar possível, através da minha ajuda, a melhorar, nem que seja por um dia ou uns instantes a vida de alguém.
Falta-me a coragem para partir (também porque ainda tenho assuntos para deixar resolvidos neste outro lado da vida) do quotidiano mesquinho. Quotidiano que nos últimos dias se alterou. Tu tens sido muito importante para mim, pois estava quase a desistir. Tens sido o tal farol, um amigo que me ajuda numa caminhada que retomei agora com novas energias.
Obrigada. E espero poder dizer isto muitas vezes.
Agora o obrigada pelas "prendas" que adorei. O poema de Pessoa parece ter sido feito à medida da minha forma de encarar a amizade, o amor... Um distanciamento próximo. Uma proximidade distante. Já o tentei explicar a uma amiga no blogue, mas não o consegui. Talvez as palavras de Pessoa o consigam. Por vezes sinto que tu o entenderias, ou entendes, não sei bem.
E agora um beijo Namastê e espero encontrar-te daqui a pouco noutro sítio, noutro lugar, mas "perto".
PS. Criativo sofre. Amadurece e conquista o dom da paciência... Não quero que ainda seja assim contigo...
Não deixo.
Desculpa ter escrito...tanto...
Hoje a tarde parecia caminhar tão lentamente... Parecia que todos os caracóis do mundo estavam reunidos naquela sala e destinados a forçar o andamento da sessão. Nem sei descrever. Depois de saber que me esperava um mail ao chegar a casa, esta parecia cada vez mais distante...a hora de sair não aparecia no relógio da minha colega e até o tom monocórdico da formadora se intensificou. Quando finalmente se deu o sinal de dispersar até um camião (ok, não era mais do que uma carrinha de caixa aberta) eu ultrapassei na via rápida. Eu não ultrapasso camiões, motas e bicicletas!! Mas hoje teve de ser.
Ao chegar a casa, só o meu banho me separou do computador. Este tem mesmo de ser...o Funchal deixa marcas que só um bom banho consegue apagar. E eis que me posso sentar e ligar o computador e ler a tua mensagem. Foi muito bom ler que este Saramago, tal Fénix, das cinzas ressuscitou.
As palavras escritas têm para mim um sabor que nunca saberei explicar, apesar de concordar que agora me sinto mais próximo de ti. Como acho que já te disse, o saber que ao fim do dia terei com quem partilhar o meu chá sabe muito bem, e, é um estimulante muito mais forte do que qualquer café. É uma sensação de porto seguro que surge não sei bem de onde mas que me permite atravessar as vagas do dia e resistir até ao seu final. Sei que encontrarei um farol e que este estará lá para me orientar. Mas para além de luz, o farol que tem surgido nestas noites tem tido o sabor a paz. Como é que é o sabor a paz? Boa pergunta mas basta perguntar-te. Há um aquietamento que se tem apoderado do meu ser (alma, coração, não sei...).Este aquietamente vem de ti. Antes de ouvir, vinda de ti, nunca tinha "escrito" esta palavra (aquietamento), quanto mais saboreado, e ainda sentir as suas carícias.
Agora adormeço pouco depois de te deixar, acordo contigo e saboreio o dia (sorrindo muito mais vezes) na tua companhia distante...
Não sei se alguma vez te disse que um dos meus maiores medos é "acordar" dos raros momentos de felicidade que me têm sido proporcionados na vida (já longa). Receio sempre que um dia tudo se altere. Neste momento podia dizer que o que mais receio é aborrecer-te. Por vezes quero dizer-te que não sou nada a pessoa fantástica que quase me fazes acreditar existir. É verdade que me sinto diferente da maioria das pessoas com quem tenho de conviver. Diferente, pois não encontro em mim as mesmas motivações que as fazem querer viver (da forma que supostamente a maioria vive). Mas mais nada. Dizes que sou importante. Não sei que te diga. Não recordo alguém mo ter dito (apenas na Alemanha). Importante? Nada faço para o ser. Quero muito, isso sim, ajudar. Tornar possível, através da minha ajuda, a melhorar, nem que seja por um dia ou uns instantes a vida de alguém.
Falta-me a coragem para partir (também porque ainda tenho assuntos para deixar resolvidos neste outro lado da vida) do quotidiano mesquinho. Quotidiano que nos últimos dias se alterou. Tu tens sido muito importante para mim, pois estava quase a desistir. Tens sido o tal farol, um amigo que me ajuda numa caminhada que retomei agora com novas energias.
Obrigada. E espero poder dizer isto muitas vezes.
Agora o obrigada pelas "prendas" que adorei. O poema de Pessoa parece ter sido feito à medida da minha forma de encarar a amizade, o amor... Um distanciamento próximo. Uma proximidade distante. Já o tentei explicar a uma amiga no blogue, mas não o consegui. Talvez as palavras de Pessoa o consigam. Por vezes sinto que tu o entenderias, ou entendes, não sei bem.
E agora um beijo Namastê e espero encontrar-te daqui a pouco noutro sítio, noutro lugar, mas "perto".
PS. Criativo sofre. Amadurece e conquista o dom da paciência... Não quero que ainda seja assim contigo...
Não deixo.
Desculpa ter escrito...tanto...
6 comentários:
Engraçado ! Chego a estas PEDRAS por um outro blogue.Tal como idêntico foi o seu trajecto. Às vezes passo como um meteorito mas aqui, vou ficar! Gostei da sua carta e dos sentimentos que expressa nela.Identifico-me com as suas palavras.Curiosamente tb hoje fui a uma consulta que não me tirou as dúvidas todas que levava.
Aos 37 anos, a vida é longa? Já se andou um bocado...mas ainda há tanto caminho para viver! Boa semana. Um Bj Graça.
O sofrimento é o melhor remédio para acordar o espírito .
Beijo.
Cara Graça Pereira! Acho que já não sei como cheguei até si...mas sei que gostei e obrigada pela visita. Visitarei-a mais vezes.
E pode acreditar que aos trinta e sete, ainda não sei quase nada...
Bom resto de semana.
Até breve!
Querido amigo Manuel... A que atrevimentos cheguei...
Mas é um amigo que me tem acompanhada nesta travessia mais e menos rochosa, mais e menos sofrida. O espírito esse ainda precisa de um remédio mais eficaz...
Talvez uma paixão? Acho que a Rosa diria que seria uma possibilidade.
Vou estar com ela este fim de semana. Sempre posso perguntar pessoalmente, já que aquela menina decidiu entrar de férias mais cedo...
Um beijo Amigo Poema...
Gostei muito deste mail, do conteúdo e do modo como está escrito.
Levei tempo a retribuir a tua visita, mas ainda bem que vim.
beijinhos com raios de sol
Sunshine!
Que bom ter a sua visita...
Também demorei na resposta , pois tirei uns dias de férias, longe de computadores...
Esper regressar com mais enengia...talvez solar...
Raios de sol com arco-íris à mistura... ( é o meu hino de alegria) sol, algumas nuvens e de repente um belo arco- íris... nesta ilha aparece com alguma frequência...
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