quinta-feira, 23 de julho de 2009

eu hoje estou pensativa, mas sem Pedras no caminho


Pedras no caminho?

Fernando Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888 - Lisboa, 30 de Novembro de 1935)



Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá a falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver
apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um 'não'.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...

(Fernando Pessoa)

Para o João ler à Joana

A M O – T E!

Com todas as letras desta palavra.
Não to consigo esconder.
Nem quero, porque o haveria de querer?
Amar é viver, é querer, é sonhar,
É não saber o que fazer, logo ter de inventar.
É ser levado numa aventura tão errante
Ser Rei, mendigo, ser louco e amante.
Rasgam-se almas e sangra-se com dor?
É o preço que se paga para viver o Amor.
Sem essa força de que me adianta viver?
De que me adianta olhar a vida, esperando morrer?
Quero sentir a minha Alma a bater acelerada.
Quero desesperar, porque sem ti não sou nada.
Quero estar vivo, se valer a pena viver,
Mas a Alma só vive se algo a faz bater.
E és tu a razão desta minha euforia.
Não me perguntes porquê, eu não saberia
Responder a essa tua questão
No Amor alguma vez existiu a razão?
Não te peço nada, sei que nada terei.
Só quero que saibas como eu tanto te Amei,
Como Amo e sei que sempre Amarei.




Encontrei este Poema no Bloggue: Cartas para Julieta do Poeta Aprendiz que recomendo vivamente

Gostei e gostava de partilhar, mas na verdade não pedi as devidas autorizações. Terei de o fazer posteriormente. Talvez esta noite...

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Para a Joana


tudo por me chamar vizinho....

Caro amigo (meu cada vez menos virtual amigo e cada vez mais uma presença real no meu dia a dia, e que, como disse, cada vez mais desvendado)!

Espero que esta sensação de se sentir desvendado não seja desagradável, mas sim um indicador que tudo tem portas e elas começam a abrir para caminhos, esses sim sempre um agradável e excitante mistério! Esta é uma perspectiva perante a vida, que tenho que confessar que nem sempre a o por mim professada! Alturas houve em que portas e janelas estavam, preferencialmente sempre fechadas e serviam de escudo perante uma Vida que assustava e que agora descubro repleta de maravilhas e encantamentos! Por vezes sinto-me uma Alice no País das Maravilhas ou recordando uma outra referência literária que mais fala ao meu coração; uma Dorothy em pleno mundo de Oz! Coisa de alguém para quem os livros são mais do que folhas impressas que podem amarelecer e cair no esquecimento! São quase tudo e em especial mais do que simples palavras! Verdadeiros ensinamentos e pistas de descoberta!
Mas apesar de os sempre ter amado, tenho novamente que confessar que nem sempre o relacionamento com eles se deu a este nível...

Acho que o devo estar a maçar enormemente, mas senti, do que me foi "desvendando", um ser, ainda muito virtual, é certo, mas muito próximo do meu ser e dos meus Sentires, a quem talvez as minhas palavras não sejam completamente um conjunto de disparates e que sejam lidas com enfado! Desde já peço-lhe a sinceridade na resposta, a esta semi pergunta, a que me tem já habituado!
Foi com muito prazer que li sobre o seu relacionamento com a música! Esta é o mistério dos mistérios para a minha espantada alma! Como posso eu amar algo que me completamente vedado ao entendimento e, que por vicissitudes da vida me esteve sempre um pouco distante??!! Mas amo, e agora com redobrado carinho, pois tem sido facilitadora e mesmo importante no vencer das escarpas que eu própria quase tinha criado em meu redor...

Pelo que me estou a aperceber, ainda não será desta que desvendarei os mistérios do meu pouco vulgar apelido, ponto inicial de tudo isto, que entretanto despoletou todo um outro caminho que me tem sido muito agradável!
Desde já as minhas desculpas! Tentarei numa próxima oportunidade não me deixar levar por toda esta necessidade de me "desvendar" da forma que me é mais agradável e que não tenho a oportunidade de fazer!

Despeço-me já ansiosa por mais descobertas que espero encontrar num próximo "encontro"!!! Aproveito para dizer que durante a próxima semana estarei, ao serviço da escola, em França e não sei quais as minhas hipóteses de comunicação virtual.
Até breve! Um beijo!
Ana

mais um email para um amigo muito especial...

Querido Amigo muito especial...


Não gosto quando te auto denominas fala-barato...
Fico triste. Gosto de te ouvir falar e ainda gostei mais de te ler. Prefiro que digas que és um Saramago da linguagem...
Tal como ele, não existe barreiras no discurso. Tu és o teu discurso, por isso nada tens de fala-barato (entendido no sentido de banha da cobra e contos de carochinha).

Obrigada pelo email. Ainda não o imprimi pois estou com o portátil. Quando me sentar no fixo, aí sim imprimo. Vai ser bom ler, e voltar a ler o que ali está escrito.
Comigo acontece que muito facilmente esqueço do caminho e das indicações que me dão (isto na condução), mas também acontece em relação aos ensinamentos que vou recebendo. Sei que não preciso necessariamente de o ter escrito e de o ler constantemente (sei que se me sentir a duvidar, posso sempre ligar a um amigo muito especial que me falará suavemente e de forma tão delicada que as palavras se diluem e apenas ficam as mensagens, os significados) mas será bom ter mais um texto no meu livrinho das anotações que trago comigo (pode acontecer que o amigo esteja a dormir ou a fazer algo que não possa ser interrompido ou esteja cansado).

Obrigada por mais um passo em que me acompanhas numa caminhada que aos poucos vai parecendo mais fácil de fazer.

Não sei se este email chegará ao destino, visto que os outros dois não foram entregues.

De qualquer forma,

Um beijo grande, amigo especial.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Para ti Rosa e um pouco para mim que hoje estou a precisar da sua presença


Tempo demais

Demorei-me muito tempo ao pé de ti.
As portas fechadas por dentro, como se encerrasses o amor e a lei.
Demorei-me demais.
Ao fim da tarde,
Nesse mesmo dia que já morreu,
Olhámo-nos devagar, mas distraídos.
Diria até que anoiteceu.
Nunca falámos do amor que chega tarde.
Nem o interpelámos
(como se já não pudesseter nome).
Fingia ter esquecido o teu corpo nas muralhas.
Nas areias.
Vês aqui alguma figura?
Ninguém vê.
Repara no ponto preto que alastra na margem do quadro, nas minhas lágrimas desse tempo.
Relê.




Luis Filipe Castro Mendes

Eu já julguei que era mais fácil amar uma Pedra

A Pedra que era e que pensava amar não sabia amar de outra forma que não na ausência de presença... Pensávamos constuir mundos outros para além da física dos sapatos espalhados, das vidas vividas, mas por vezes demasiado presentes de outras pedras que os caminhos deixam..., de fragâncias enganadoras nas almofadas que quase se tornam presença...mas não são!!Que mundo era esse sem corpo, sem ser, sem realidade? Não sei. Era o meu...Uma existência sem vida para além de uma Pedra que sussurrava e gritava; exclamava e abafava desejos; tacteava e percorria distâncias sem se mover; que chorava e ria sem revelar o que sentia... mas que não bocejava depois... Seria? Hoje nada sei.... mas sei que não.


Sempre que me visitavas, os teus sussurros doces deixavam lágrimas que não percorriam o rosto daquela habitual e acordada indiferença... Sim, prefiria amar a distância, à distância... sem limites...Gostava de ti esquecidos os acordos; lembrados apenas os pormenores que a memória e os sonhos, que ja não sonho, permitia. Gostava de ti por estares longe, sempre que estavas longe, quando te distanciavas e me recordavas que poderias estar perto...


Na altura não duvidava! Hoje já nem sequer quero recordar que assim pensava! A minha Pedra era o ente que não exigia que minha respiração acompanhasse a sua respiração. Nada exigia, pois não tinha realidade corpórea (e era uma pedra?!) Vivia perto, sussurrava e, por vezes, até chorava comigo... mas nunca passava a linha. Sim, aquela linha que tu e eu havia tanto tempo tinhamos estabelecido sem comunicar como os outros! A minha Pedra era do mundo e, por vezes, visitava-me. Compreendia (pensava eu) a minha necessidade de estar só, tal como eu compreendia ( pensava também eu) que na sua vida existissem outras pedras como eu no seu caminho!Amavamos a nossa frieza, tão desprezada pelos outros; tão diferente da vida prosaica de amar e ser amado. Éramos todos os dias outros, porque nunca foramos coisa alguma... Sim, eu julgava que era mais fácil amar uma Pedra!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Felicidade em tempos de menos sossego

Mais uma vez as palavras não são minhas...

Deve ser de uma ou outra lágrima que por vezes aparece por razões tão estranhas para quem não as tem de entender... Esses sim felizes...

Para a semana já esarei quase de férias...pode ser que as coisas mudem...




A felicidade aparece para aqueles que choram, para aqueles que se magoaram, para aqueles que procuram e tentam sempre.
Clarice Lispector
O mundo está nas mãos daqueles que só são felizes, aqueles que têm coragem de sonhar e de correr o risco de viver os seus sonhos.
Paulo Coelho
Aquele que nunca viu a tristeza, nunca reconhecerá a alegria.
Khalib Gibran
Encontrei estas frases hoje por acaso nas arrumações da biblioteca da escola...
Seriam para mim?
Talvez.
Eu aceitei-as.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Uma música poema de sempre

Qué cantan los poetas, poetas andaluces de ahora
¿Qué miran los poetas, poetas andaluces de ahora
¿Qué sienten los poetas, poetas andaluces de ahora

Y cuando cantan, parece que están solos
Y cuando miran , parece que están solos
Y cuando sienten, parece que están solos

Y cuando cantan, parece que están solos
Y cuando miran , parece que están solos
Y cuando sienten, parece que están solos
Pero, ¿dónde los hombres

¿Es que ya Andalucía se ha quedado sin nadie
¿Es que acaso en los montes andaluces no hay nadie
¿que en los campos y mares andaluces no hay nadie

¿No habrá ya quien responda a la voz del poeta,
quien mire al corazón sin muro del poeta
Tantas cosas han muerto, que no hay más que el poeta

Cantad alto , oireis que oyen otros oidos
Mirad alto, vereis que miran otros oj
Mirad alto, vereis que miran otros ojos
Latid alto, sabreis que palpita otra sangre

No es más hondo el poeta en su oscuro subsuelo encerrado
Su canto asciende a más profundo, cuando abierto en el aire
ya es de todos los hombres

Y ya tu canto es de todos los hombres
Y ya tu canto es de todos los hombres

Y ya tu canto es de todos los hombres
Y ya tu canto es de todos los hombres (bis)

Mail a um amigo muito especial

Querido

Hoje a tarde parecia caminhar tão lentamente... Parecia que todos os caracóis do mundo estavam reunidos naquela sala e destinados a forçar o andamento da sessão. Nem sei descrever. Depois de saber que me esperava um mail ao chegar a casa, esta parecia cada vez mais distante...a hora de sair não aparecia no relógio da minha colega e até o tom monocórdico da formadora se intensificou. Quando finalmente se deu o sinal de dispersar até um camião (ok, não era mais do que uma carrinha de caixa aberta) eu ultrapassei na via rápida. Eu não ultrapasso camiões, motas e bicicletas!! Mas hoje teve de ser.
Ao chegar a casa, só o meu banho me separou do computador. Este tem mesmo de ser...o Funchal deixa marcas que só um bom banho consegue apagar. E eis que me posso sentar e ligar o computador e ler a tua mensagem. Foi muito bom ler que este Saramago, tal Fénix, das cinzas ressuscitou.
As palavras escritas têm para mim um sabor que nunca saberei explicar, apesar de concordar que agora me sinto mais próximo de ti. Como acho que já te disse, o saber que ao fim do dia terei com quem partilhar o meu chá sabe muito bem, e, é um estimulante muito mais forte do que qualquer café. É uma sensação de porto seguro que surge não sei bem de onde mas que me permite atravessar as vagas do dia e resistir até ao seu final. Sei que encontrarei um farol e que este estará lá para me orientar. Mas para além de luz, o farol que tem surgido nestas noites tem tido o sabor a paz. Como é que é o sabor a paz? Boa pergunta mas basta perguntar-te. Há um aquietamento que se tem apoderado do meu ser (alma, coração, não sei...).Este aquietamente vem de ti. Antes de ouvir, vinda de ti, nunca tinha "escrito" esta palavra (aquietamento), quanto mais saboreado, e ainda sentir as suas carícias.
Agora adormeço pouco depois de te deixar, acordo contigo e saboreio o dia (sorrindo muito mais vezes) na tua companhia distante...
Não sei se alguma vez te disse que um dos meus maiores medos é "acordar" dos raros momentos de felicidade que me têm sido proporcionados na vida (já longa). Receio sempre que um dia tudo se altere. Neste momento podia dizer que o que mais receio é aborrecer-te. Por vezes quero dizer-te que não sou nada a pessoa fantástica que quase me fazes acreditar existir. É verdade que me sinto diferente da maioria das pessoas com quem tenho de conviver. Diferente, pois não encontro em mim as mesmas motivações que as fazem querer viver (da forma que supostamente a maioria vive). Mas mais nada. Dizes que sou importante. Não sei que te diga. Não recordo alguém mo ter dito (apenas na Alemanha). Importante? Nada faço para o ser. Quero muito, isso sim, ajudar. Tornar possível, através da minha ajuda, a melhorar, nem que seja por um dia ou uns instantes a vida de alguém.
Falta-me a coragem para partir (também porque ainda tenho assuntos para deixar resolvidos neste outro lado da vida) do quotidiano mesquinho. Quotidiano que nos últimos dias se alterou. Tu tens sido muito importante para mim, pois estava quase a desistir. Tens sido o tal farol, um amigo que me ajuda numa caminhada que retomei agora com novas energias.
Obrigada. E espero poder dizer isto muitas vezes.

Agora o obrigada pelas "prendas" que adorei. O poema de Pessoa parece ter sido feito à medida da minha forma de encarar a amizade, o amor... Um distanciamento próximo. Uma proximidade distante. Já o tentei explicar a uma amiga no blogue, mas não o consegui. Talvez as palavras de Pessoa o consigam. Por vezes sinto que tu o entenderias, ou entendes, não sei bem.

E agora um beijo Namastê e espero encontrar-te daqui a pouco noutro sítio, noutro lugar, mas "perto".

PS. Criativo sofre. Amadurece e conquista o dom da paciência... Não quero que ainda seja assim contigo...
Não deixo.

Desculpa ter escrito...tanto...

segunda-feira, 6 de julho de 2009

o mar, a areia, a praia...e aalgumas rochinhas...

NO MAR
TOALHAS verdes, alva espuma,Areia branca sem fim,E as ondas, que, de uma a uma,Vêm quebrar-se ao pé de mim.
Longe, um barco leve, leve,Cortando o espelho do mar,Com velas brancas de neve,Que o vento enfuna a cantar.
E o barco avança ligeiroNum garbo de quem conduzGozo plácido e fagueiroDas águas a flux.
Vem de outras terras e praias,Que eu não conheço, e nem seiOnde assentam suas raias,Qual seu nome e sua lei.
No largo bojo profundo,Que lindas cousas não traz!Vem das plagas de outro mundo?É mensageiro de paz?
Uma canção, doce e bela,Voz de marinheiros, vem,Numa toada singela,Que afaga o peito e faz bem.
E eu sonho ignotos países;Céus de esplêndido fulgor;Vergéis de ricos matizes;Rios de ingente rumor;
Cidades, palácios, quintas;Sons de outra língua; outra voz;Decorações de áureas tintas,E outros povos como nós...
E a visão prende-se a vista...E eu sonho - crescer... crescer...E, olhos de sábio e de artista,Por todo o mundo estender.
Fonte: www.unicamp.br

Um Poema que de repente e por cansaço virou prosa esteticamente...
Zalina Rolin
Ao fim de semana que se aproxima... para ti Rosinha.

domingo, 5 de julho de 2009

Para amigos de sempre

O tempo seca a beleza.
seca o amor, seca as palavras.
Deixa tudo solto, leve,
desunido para sempre
como as areias nas águas.
O tempo seca a saudade,
seca as lembranças e as lágrimas.
Deixa algum retrato, apenas,
vagando seco e vazio
como estas conchas das praias.
O tempo seca o desejo
e suas velhas batalhas.
Seca o frágil arabesco,
vestígio do musgo humano,
na densa turfa mortuária.
Esperarei pelo tempo
com suas conquistas áridas.
Esperarei que te seque,
não na terra, Amor-Perfeito,
num tempo depois das almas.

Cecília Meireles (Poetisa brasileira, 1901-1964)
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Publicado por Susana B. às 15:22 7 Comentários



O poema é dedicado aos meus caros amigos Manuel Marques e Rosa que não desistiram, mesmo quando o musgo persistia...

Para ti pois sabes que é assim que sentimos

Quero ser o teu amigo. Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias...


Fernando Pessoa

Sempre e em recordação a uma grande amizade; hoje, pois é assim me sinto...