domingo, 12 de outubro de 2008

É urgente o Amor e destruir certas palavras

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor,
é urgente
permanecer.

Eugénio de Andrade

Ainda as palavras

Há palavras que nos beijam

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

Alexandre O'Neill

As palavras dele.
Um dos meus poemas de sempre.

daquilo que não se sabe escrever

DE ONDE VEM O AMOR?...............

Deve vir de perto...
De um olhar que se cruza
De um sentimento que desperta
Dos romances que viram poesias
Das poesias que viram canções
Das canções que inflamam um coração
Vem do desejo que quer ser real
Vem da vontade que se perde num beijo
Vem da coragem que move o covarde
Vem das folhas que caem no chão
E vem da chuva que molha a grama
Da flor que ainda vai desabrochar
Do casulo que guarda um segredo
De um ovo pronto a chocar
De onde vem o amor?
Deve vir de bem longe...
Daquilo que está além do horizonte
Daquilo que os olhos não vêem
Daquilo que a razão não explica
Daquilo que não se pode desenhar
Daquilo que não se sabe escrever
De uma língua que não se sabe traduzir...
De onde vem o amor?
Vem de um lugar escondido ou tão perto que não se vê...
Só se sabe que quando vem
Vem pra ficar.

Encontrei em:
helenamada.loveblog.com.br/15010/De-onde-vem-o-Amor/ - 50k -

Provavelmente também ele retirado do blog de Iara Fagundes

Amar o amor

Digo-te:não se pode amar senão ingenuamente,de coração despido;lágrimas de emoção pelo encontro, crença na inflorescênciadas manhãs.A morte das máscaras.

Amo amar!


Procurar em :

http://contosparaaana.blogspot.com/2008/08/

As palavra são as "pedras no meu sapato"

Amo as palavras!
Vivo com elas, durmo, sonho usando-as.
Estão comigo sempre.
Inundam os pensamentos, impedindo-me muitas vezes visualizar
o mundo como ele o é, ou parece ser...
O mundo chega até mim através delas.

Muitas são vida!
Outra nem por isso...
Umas são cálidas e deliciosas!
(mesmo ditas por outros)
Outras magoam, ferem e deixam marcas...
Marcas maiores que as "facadas" de uma batalha.
Mas ,
são elas,
as palavras que me
procuram,
que querem sair...

E, no entanto, ficam retidas
não sei bem onde...
Há sensações que não se explicam,
nem usando as mais belas palavras.
Há estados de alma
que ficam por escrevinhar,
quer aqui, quer no caderdinho que me acompanha.

As palavras de revolta parecem ser aquelas que mais facilmente
saem. Porquê?

São fáceis. Estão à flor da pele...

Mas eu serenei, acalmei
e, assim, até
as palavras fáceis não têm aparecido,
não lhes tenho dado voz.

Tudo isto para dizer
que me parece
que nada mais tenho para dizer...

E, no entanto,
Quantas me percorrem e
me pedem para ver o dia, ou a noite.

E há tantas palavras.

Mesmo para se explicar como se ama uma pedra.

virando concha, virando seixo, virando areia...

Amaram o amor urgente
As bocas salgadas pela maresia
As costas lanhadas pela tempestade
Naquela cidade distante do mar
Amaram o amor serenado das noturnas praias
Levantavam as saias e se enluaravam de felicidade
Naquela cidade que não tem luar
Amavam o amor proibido, pois hoje é sabido
Todo mundo conta
Que uma andava tonta grávida de lua
E outra andava nua ávida de mar
E foram ficando mar

E foram ficando marcadas, ouvindo risadas
Sentindo arrepios
Olhando pro rio, tão cheio de lua
E que continua correndo pro mar
E foram correnteza abaixo
Rolando no leito, engolindo água
Boiando com as algas, arrastando folhas
Carregando flores e a se desmanchar
E foram virando peixes, virando conchas
Virando seixos, virando areia, prateada areia
Com lua cheia
E à beira mar..
.
Gostaria qu fosse meu!
Sinto-o como fosse meu.
Mas não o é ...
Amar o amor é me tão real, embora sem explicação!
Para alám disso acho que a
pedrinha redondinha,
escondidinha no alto mar, queria hoje ser concha e seixo de beira-mar.
Porquê?
Talvez comece a aproximar-me de outas emoções,
que rolam mais perto...
Também porque ande eu hoje, por vezes, "tonta grávida de lua" e
"ávida de mar".
E eles aqui tão perto!!
Mar e luar.
Que todas as noite me acompanham
Uns dias, também ele, mar, "grávido de lua"!!
E eu, muitas vezes, "ávida de mar" ,
ou será de amar?
O qu existe verdadeiramente,
visto da minha janela é:
Uma lua que se banha num mar sereno (quase sempre).
Onde, algures está a pedra redondinha,
que se tenta , agora aproximar...
Lamento não ter o registo do /a autor /a do poema! Isto, porque noutros tempos,
na ânsia de encontrar palavras nos outros que fossem "minhas",
esquecia colocar as devidas referências.
É um poema retirado de um blog que não encontro hoje...
Talvez um dia a maré me leve até ele novamente...

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Apenas para não doer

Pedra. Pedrinha. Sossegada. Redondinha. Pequenina. Quietinha.
Lá,
no mar profundo,
repleto de secretos,
rodeada de tantas outras como tu e tantas outras tão diferentes,
te escondes
para eu não recordar.
A memória de outros tempos,
de outros mares causa ainda mágoa.
Por isso fica.
Fica!
As fissuras geológicas que te rodeiam e que te podem acolher segredam, sussurram
que o mar ainda é lugar para amar... ou recordar.
Mas agora é tempo de esquecer.
Para não doer.
Apenas para não doer...

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Aventuras de João Sem Medo - as pedras e os passarões

- Vamo-nos... em... bora!...-gaguejou João Medroso com as garras ferradas nos braços do pobre candidato a ave. - Esta terra está embruxada.
- Porquê?
- Olha como aquela pedra mexe. Ali...
João Sem Medo seguiu com o olhar a direcção indicada pelo dedo vacilante do companheiro e facilmente reconheceu que uma pedra enorme se movia com lentidão de peso.
- Vês? - tartamudeou o covarde de cabelos arrepiados à porco-espinho.
- Vejo... - admitiu o outro João muito tranquilo.
- E então? Não tens medo?
- Não... Primeiro porque sou o João Sem Medo. Segundo, porque jurei esconder o medo de mim mesmo, para não me desprezar. Terceiro, porque uma pedra a andar não me desperta medo, mas apenas curiosidade de saber porque anda.
- Pela tua rica saúde, vamo-nos embora - tremelicava João Medroso.
- Estás doido! Agora não me afasto daqui enquanto não decifrar o mistério.
E calou-se para analisar com atenção extrema os movimentos da pedra que - sobre isso não havia dúvidas - se deslocava no solo.
- Evidentemente, trata-se de uma espécie de tampa que cobre a abertura de um subterrâneo... - raciocinou João Sem Medo em voz alta para o medrolas. - Movida por um mecanismo qualquer...
Conclusão que se comprovou daí a somenos quando a pedra estancou e os dois rapazes verificaram a existência insofismável dum buraco aberto na terra donde, decorrido algum tempo, saíram em fila vários vultos simiescos que tresandavam a suor e carregavam às costas sacos pesadíssimos.

...

E as aventuras de João Sem Medo no "reino" fantástico por detrás do muro que trepou para ver o " Mundo" que havia para além da sua chorosa terra "Chora - Que - Logo - Bebes" continuam.

E as pedras? Estava à espera que fossem algo de fantástico, fabuloso, irreal, diferente. Mas não. Apenas abriam um caminho para homens que transportavam comida para outros homens que viviam nas alturas das suas árvores e não precisavam de se preocupar com as coisas comezinhas da vida, como seja o que comer.

Fiquei triste. Queria umas pedras fabulásticas.
Quanto à moral da história, nada de novo...

Para quem gostar: José Gomes Ferreira "Aventuras de João Sem Medo PanfletoMágico em forma de Romance"

sábado, 13 de setembro de 2008

Imagem

Umas rochas que olham o horizonte confiantes da sua aparente perene existência. Julgam "viver" para sempre. Hoje estão seguras. Quando as observo calo o meu saber. Nada é perene; nada é imutátel; nada é para sempre. No entretanto deixo-as enganadas, pretendendo ser eu aquela que ainda quer ser enganada. Ainda queria pensar que a segurança de uma rocha é para sempre...

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Rocha serena

Vi pedras noutros lugares, noutros horizontes, noutros seres. Não estou só.
Não sou rocha. Apenas pedra. Uma pedra que, sozinha, olha a vida passar. A rocha é altiva e serena, perene. Eu, como pedra, vou andando, pontapeada por quem passa.
Mas aguardo. Um canto onde descansarei. Poderei então serenar.

sábado, 30 de agosto de 2008

PEDRAS

Eu amei pedras, as tuas pedras, as nossas pedras...
Afinal as pedras não são apenas tuas...
Eu sou hoje a Pedra.
Tua?
Não mais, nunca!
E tu?
As tuas outras pedras?
HOJE começam outras PEDRAS. As minhas.
Que nunca sentirás.
Escrevi um dia, num blog amigo que amava as pedras.
Ainda não existias, mas por alguma razão tudo foi como pensava então.
Este início - HOJE - espero não repetir muitas vezes.
Apenas nos dias como HOJE...